Esta foi uma das principais mensagens do 2º Congresso Estar Auto, que reuniu renomados profissionais para debaterem a cultura do bem-estar e cuidado com as pessoas nas empresas
Na segunda quinzena de julho aconteceu o 2º Congresso Estar Auto na sede da FIESP, em São Paulo (SP). Com as participações de renomados profissionais do setor automotivo e de empresas que compartilharam experiências e know how sobre bem-estar no ambiente de trabalho, a proposta do Congresso é não somente transformar processos, mas a própria cultura empresarial, promovendo um ambiente onde prosperidade é medida também pelo cuidado com as pessoas.
Na edição deste ano do Congresso, idealizado pela psicoterapeuta comportamental, chief Happiness Officer, diretora do Sindirepa-SP e proprietária de oficina mecânica, Vanessa Martins, um dos temas foi a nova NR-01, resolução que estabelece diretrizes sobre saúde mental nas empresas, em vigor em caráter educativo desde 1º de maio de 2025. Confira a entrevista com Vanessa Martins.
Balcão Automotivo – Qual balanço podemos fazer desta edição do Congresso?

Vanessa Martins – O 2º Congresso Estar Auto foi um verdadeiro divisor de águas. Tivemos um aumento no número de visitantes, com um público diverso e, surpreendentemente, uma participação masculina bastante significativa, o que é extraordinário num setor onde, historicamente, os homens não são incentivados a olhar para a própria saúde mental. Essa adesão mostra que há uma sede real por transformação emocional e por uma nova forma de liderança. Tivemos também um crescimento notável no número de patrocinadores, refletindo o interesse das empresas em apoiar uma agenda de bem-estar, inovação e cuidado genuíno com as pessoas.
Na 1ª edição realizada em 2024, o evento reuniu mais de 150 pessoas ao longo do dia, contando com a presença de reparadores, colaboradores, empresários e profissionais de diversas áreas do setor automotivo.

BA – Quais foram os principais destaques desta edição?
VM – Entre os momentos mais marcantes, destacamos a inclusão de autodescrição nas apresentações de cada palestrante, um gesto de respeito e acessibilidade e inclusão, que simboliza o espírito do Congresso: ninguém fica de fora. É para todos! Também discutimos com profundidade a solidão e a solitude de quem empreende. Muitas falas abordaram essa travessia emocional de estar à frente de negócios, carregar decisões e, ainda assim, muitas vezes, sentir-se sozinha(o). Foi também um congresso de expansão: trouxemos reflexões sobre governança, felicidade no trabalho, conselhos estratégicos, gestão com visão de futuro e uso de inteligência artificial, permitindo que os participantes levassem não apenas inspiração, mas conhecimento prático.
BA – O que mais foi debatido sobre saúde mental?
VM – A saúde mental deixou de ser tabu e passou a ser pauta central. Falamos sobre o gerenciamento das emoções, a importância de ambientes saudáveis e sobre como o bem-estar não é um luxo e sim, uma escolha estratégica. Felicidade no trabalho foi colocada no centro do palco: a felicidade é decisão, é movimento, é autocuidado, é cultura organizacional. Também falamos sobre ambiência, pausas, silêncios, respiração consciente, atividade física e respeito ao corpo como práticas simples, mas poderosas, de humanização. Empresas precisam ser espaços de cura e isso só acontece com uma liderança que tenha coragem de se transformar para transformar também seus colaboradores.
BA – Sobre a nova NR-1, o que foi mais abordado e discutido?
VM – A norma foi mencionada, especialmente, pelo viés dos riscos psicossociais e da responsabilidade organizacional. O consenso foi claro: a NR-1 representa um avanço legal, mas o grande desafio está em transformar essa diretriz técnica em cultura viva dentro das empresas. Aplicar questionários não é suficiente. É preciso escuta, engajamento; é preciso plano de ação; é preciso compromisso emocional com a saúde de cada colaborador e do gestor/empresário.
BA – O que mais foi falado sobre modelo de liderança no setor automotivo e liderança humanizada?
VM – O novo modelo de liderança exige integração entre razão e sensibilidade. Falamos sobre a energia do masculino como foco, ação, direção e a do feminino como intuição, criatividade, empatia, acolhimento, escuta. Quando essas forças se unem, nasce uma liderança completa. Isso exige um novo paradigma: a gestão espiritualizada. Empresas que reconhecem que liderar é um ato de alma, e não apenas de planilha, tornam-se agentes de cura. Esse foi o coração da nossa mensagem: a liderança humanizada precisa sair do discurso e entrar na rotina, na forma como olhamos para o outro, como damos feedbacks, como celebramos e como atravessamos as crises.
BA – De que forma o público interagiu durante o Congresso?
VM – A troca foi profunda, sensível, intensa. Não foi apenas uma plateia que escutou, foi uma comunidade que viveu, sentiu e participou, juntos! Houve lágrimas, silêncios carregados de reflexão, risos de alívio e olhares de pertencimento.
O Congresso se tornou um espaço seguro para que profissionais pudessem falar de suas dores, suas pressões internas, seus desafios de liderança e, sobretudo, seus desejos de construir algo mais verdadeiro.
BA – Do compartilhamento das experiências dos palestrantes, o que foi mais bacana e mais inspirador?
VM – O ponto alto foi a vulnerabilidade corajosa. Palestrantes de diversas áreas como psicoterapeuta, médica, líderes, executiva e especialistas compartilharam não só dados, mas suas histórias. E foi aí que a mágica aconteceu: quando a técnica encontrou a emoção. Quando alguém no palco disse “eu também”, o público sentiu que não está sozinho. Isso gerou uma energia de transformação coletiva que é difícil colocar em palavras, só quem viveu, sabe. Por sermos o País mais ansioso do mundo e o segundo em Burnout (dados da OMS), os participantes puderam entender que começar pela felicidade, cuidar das dimensões físicas, energéticas, mentais e espirituais é o que faz pessoas serem mais felizes. Felicidade gera lucro, abundância e prosperidade.
BA – Finalizando, da primeira edição, em 2024, para a deste ano, podemos falar sobre avanços nas empresas com o cuidado com as pessoas?
VM – Com certeza. Houve amadurecimento. O cuidado deixou de ser discurso e começou a se tornar prática. As empresas estão mais abertas, mais sensíveis, mais conscientes de que sem gente saudável, não há resultado que se sustente. Estamos construindo, tijolo por tijolo, uma nova cultura: onde felicidade é estratégia, bem-estar é prioridade e liderança é presença. Já estamos organizando a edição 2026. Aguardem novidades!
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