Autor do livro, ‘Seja o Líder que Você Gostaria de Ter Como Chefe’, Paulo Camargo reúne dicas e estratégias para superar a insegurança e se tornar um líder confiante e inspirador
No livro ‘Seja o Líder que Você Gostaria de Ter Como Chefe’, Paulo Camargo, mentor de CEOs, palestrante e ex-CEO de organizações como McDonald’s Brasil, Zamp, Espaçolaser e Iron Mountain, descreve estratégias para superar a insegurança e se tornar um líder confiante e inspirador. Segundo ele, “é um guia direto dos bastidores da liderança real, com ferramentas práticas, desafios superados e soluções que funcionam. Tudo para liderar com mais clareza, coragem e resultado”, afirmou.
Camargo também dá dicas para integrar equipes e potencializar resultados, e fala sobre a importância da comunicação estratégica na gestão de equipes, como criar significado até para as tarefas simples do dia a dia e como o poder da vulnerabilidade e da autenticidade pode gerar confiança e engajamento. Confira a entrevista!

Balcão Automotivo – Liderar é um dom?
Paulo Camargo – Uma das perguntas que mais me fazem é se a liderança é um hábito ou um dom natural. Talvez seja um pouco dos dois. Mas se há uma certeza, é esta: ninguém lidera sozinho. Um líder só se torna líder quando conquista seu primeiro colaborador e seguidor. Até lá, ele é apenas mais uma pessoa com ideias, metas e desejos. E é justamente por depender de pessoas que a liderança se torna tão desafiadora, especialmente porque quem ocupa cargos de gestão, muitas vezes, evita pedir ajuda.
BA – O que a liderança exige?
PC – A liderança exige uma combinação de atributos como inteligência emocional, visão estratégica, capacidade de adaptação e foco em resultados.
Comunicação eficaz, tomada de decisão, empatia, respeito e poder de motivar a equipe também são indispensáveis.
Liderar não é fácil, mas pode ser aprendido, e esse aprendizado pode acontecer em qualquer fase da carreira profissional. Você não precisa, nem deve, ser o super-herói que resolve tudo e salva o mundo ao fim do dia. É por isso que se forma um time forte e preparado, para que, juntos, funcionem como uma orquestra afinada sob a sua regência. Afinal, um líder sabe-tudo não inspira ninguém. Líderes lideram pessoas e, como elas, estão em constante evolução, porque liderar também é saber errar, aprender e evoluir, sempre. ‘Seja o líder que você gostaria de ter como chefe’ é um convite a todos que acreditam que é possível liderar com verdade, humanidade e impacto real.
BA – Pela sua experiência, o que mais mudou no papel da liderança nos últimos anos?
PC – Hoje, não basta só bater meta, é preciso fazer isso de forma sustentável e humana. A liderança continua tendo o dever de entregar resultados, sim, mas ficou claro que não há resultado consistente sem cuidar de quem executa a estratégia. O líder moderno precisa unir gestão com sensibilidade. Precisa entender que não é mais suficiente delegar tarefas e cobrar prazos. O foco deixou de ser apenas o ‘o quê’ e passou a incluir o ‘como’, o ‘porquê’ e o ‘com quem’. Liderar é alinhar objetivos, mas também dar propósito e criar um ambiente no qual as pessoas possam dar o melhor de si.
BA – No livro, quais são as suas dicas para superar a insegurança e se tornar um líder confiante e inspirador?
PC – Primeiro, se conheça profundamente. A insegurança, muitas vezes, vem da comparação e da tentativa de se encaixar num modelo que não tem a ver com você. Quando você entende seus valores, seus pontos fortes e seus limites, você lidera com mais autenticidade. Depois, aceite que errar faz parte do caminho. A confiança vem da prática, da humildade para aprender e da consistência entre o que você diz e o que você faz. Não existe líder perfeito, mas existe líder verdadeiro.
BA – E quais são as dicas para integrar equipes e potencializar resultados?
PC – Tudo começa com propósito comum e clareza de direção. As pessoas precisam saber por que estão ali e o que se espera delas. Depois, vem o cuidado com as relações: respeito, escuta ativa e justiça no tratamento. Reconheça o esforço, valorize as diferenças e crie um ambiente no qual todos possam contribuir de verdade. O líder tem o papel de alinhar, energizar e proteger a cultura do time.
BA – Pela sua vivência, quais são as principais falhas dos líderes que, ao contrário de inspirar, acabam minguando seus times e perdendo potenciais criativos?
PC – A principal falha é liderar com ego e não com propósito. Líderes que centralizam tudo, que querem controlar o tempo todo, que não escutam ou não valorizam suas equipes sufocam qualquer chance de inovação. Outra falha comum é a incoerência: dizer uma coisa e fazer outra. Isso mata a confiança. E sem confiança, não existe liderança verdadeira.
BA – Hoje, um dos temas mais em voga é a saúde mental dos colaboradores. Como o líder deve lidar com isso?
PC – O líder não é terapeuta, mas é corresponsável pelo ambiente emocional da equipe. Cuidar da saúde mental começa por criar um espaço de segurança psicológica no qual as pessoas possam ser ouvidas, errar, pedir ajuda e ainda assim ser respeitadas. Além disso, o exemplo vem de cima: líderes que não se cuidam, que vivem no limite, incentivam uma cultura doente. O autocuidado do líder é o primeiro passo para cuidar do time.
BA – Na área de vendas, muito pautada em resultados e metas, qual é o papel do líder para estimular a equipe e não a sobrecarregar?
PC – Resultado é importante, mas pessoas entregam resultados, não o contrário. O papel do líder em vendas é trazer clareza de metas, reconhecer o esforço, dar suporte ao processo e, principalmente, fazer com que cada pessoa se sinta parte de algo maior. Pressão sem propósito esgota, mas quando há senso de pertencimento, reconhecimento e justiça, a equipe entrega mais, e melhor.
BA – Finalizando, o que muda na liderança com as novas gerações entrando no mercado de trabalho e a tecnologia cada vez mais presente no dia a dia?
PC – As novas gerações querem mais do que salário, elas querem sentido, desenvolvimento e liberdade com responsabilidade. E a tecnologia só acelera tudo: feedback precisa ser mais rápido, comunicação mais clara, decisões mais compartilhadas. O líder, hoje, precisa ser mais mentor do que chefe, mais facilitador do que executor. E, acima de tudo, precisa estar disposto a aprender constantemente. Liderar, hoje, é um exercício contínuo de escuta, adaptação e propósito.
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